
Produtor executivo visionário de Narcos, Cem Anos de Solidão e Fronteira Verde, o colombiano Diego Ramírez-Schrempp, da produtora Dynamo, participou do Conversas com... do 9º Encontro de Coprodução do Mercosul, Especial Ibero-América - ECM+LAB 2025, neste sábado (6), com mediação de Krishna Mahon, sobre as possibilidades do cinema e do imaginário latino-americano.
FAM - Como você passou do ramo de finanças para o do cinema?
Diego Ramírez - Estudei finanças e relações internacionais e trabalhava com bancos cinzentos. Em 2004 vivia em Madri, com amigos buscamos algo mais glamouroso para fazer. Tínhamos amigos artistas, cineastas, que sempre chegavam ao fim do mês sem recursos. Pensamos em criar uma consultoria para dar apoio financeiro e legal aos criativos. Tivemos uma oportunidade muito concreta, porque a Colômbia estava criando sua lei de cinema, e pensamos em financiar cinema ibero-americano. Depois de levantar os fundos, criamos nossa própria produtora, a Dynamo, que atua na Colômbia, Espanha e México, e o fundo foi investido em portfólio, nossas próprias produções.
FAM - E o que representou produzir Narcos?
Diego - Narcos, com José Padilha e Wagner Moura, mudou a história de Dynamo, um projeto tão grande assim nunca tinha sido feito na Colômbia, foi super exitoso, nos abriu portas, como depois com Cem anos de Solidão para a Netflix, um projeto lindíssimo, o maior já feito na latino-américa.
Antes de Narcos queríamos fazer cinema ser rentável, mas o que fazíamos era somente não perder dinheiro. Hoje sou muito afortunado, meu escritório muda todo dia, estou em Macondo, estou na selva. Cinema é um legado que fica por vidas. Narcos foi o primeiro grande projeto audiovisual da América Latina, é muito diferente de hoje, havia muito poucos projetos originais, hoje na Netflix a cada semana tem um projeto novo.
Os últimos dois anos estão mais difíceis, há muita aversão ao risco, a criatividade se viu prejudicada, agora parece que temos um pouco mais de abertura e apetite a projetos um pouco mais arriscados, como a América Latina fazendo ficção científica com o Eternauta, na Argentina.
FAM - O que aconselha aos produtores iniciantes?
Diego - O que segue sendo válido é buscar histórias que funcionem universalmente e ser autêntico. O importante quando se apresenta um projeto é apresentar o sonho, por uma produtora mais sólida, que tenha elenco, tenha direitos sobre livros, o pacote completo, e um portfólio não dogmático, com variedade de projetos em diferentes estágios. Na Dynamo temos uma equipe interna de desenvolvimento, chegam projetos de terceiros, temos um comité de desenvolvimento, e são diferentes critérios, como demanda, ter a propriedade intelectual da história, ter o timing e oportunidade. Há muita intuição, como o produtor se sente, como está apresentado, qual a seriedade do projeto.
O ECM+LAB especial Ibero-América faz parte da programação do FAM 2025 e conta com o apoio institucional da APRO, da BRAVI e Brazilian Content. Com apoio do Projeto Paradiso e do Programa Ibermedia. Realização Associação Cultural Panvision e Muringa Produções Audiovisuais.
Consulte classificação indicativa e medidas de acessibilidade para as diversas atividades.
O 29º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 é um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura. Tem o apoio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do Edital especial Lei Paulo Gustavo e do Prêmio Catarinense de Cinema, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina e Programa Ibermedia. Patrocínio ANCINE - Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Patrocínio Master Petrobras. Realização Associação Cultural Panvision, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.