
Os documentários exibidos na mostra também trazem o protagonismo feminino
Nesta sexta-feira (5), segundo dia do 29º Festival Internacional de Cinema Florianópolis Audiovisual Mercosul - FAM 2025, foi realizada a primeira exibição de filme do Conversas FAM de Cinema, na Sala Petrobras, do Cine Show Beiramar Shopping. A atividade tem sessões de cinema com obras convidadas seguidas por perguntas e respostas, com o público, realizadores e pessoas ligadas às obras ou às questões que elas abordam.
A sessão de hoje trouxe quatro filmes de temática indígena e que evidenciam o protagonismo feminino: três brasileiros e um argentino. A convidada foi Clara Idioriê, representante da Katahirine - rede audiovisual de mulheres indígenas. As conversas são conduzidas pela roteirista, diretora e produtora Rastricinha Dorneles e acontecem todos os dias do Festival às 16h, com exceção de sábado. A entrada é gratuita.
Os filmes exibidos foram todos documentários dirigidos por mulheres: Hermanas Del Viento, de Julia Carrizo; Donas da Terra, de Ana Marinho; Wadja, de Narriman Kauane; que ganhou o Troféu Panvision de Melhor Filme tanto pelo Júri Oficial quanto pelo Júri Popular no 4º Festival Audiovisual Latino-Americano de São Francisco do Sul, realizado pela Associação Cultural Panvision; e Rami Rami Kirani, de Lira Huni Kuin, Luciana Huni Kuin.
Como representante de uma rede que tem o objetivo de criar um espaço coletivo para fortalecer e viabilizar a produção audiovisual das mulheres indígenas na América Latina, Clara Idioriê, após a exibição das obras, participou da conversa com o público e respondeu perguntas. Ela afirmou que os filmes selecionados para a sessão evidenciam a pluralidade do cinema indígena.
No debate, a mediadora Rastricinha destacou que ainda é raro filmes produzidos por pessoas indígenas ocuparem espaços como telas de salas de cinema em shoppings e por que Clara acha que isso está acontecendo agora. Sobre este fato, Clara, que pertence aos povos indígenas Xavante, Karajá e Javaé, disse: “A gente tem trabalhado nessa questão de fortalecimento do cinema indígena como um todo. Mais recentemente, desse fortalecimento através do olhar da mulher. É um trabalho coletivo, é feito de ciclos. Apesar de outras mulheres que já vieram antes, como a gente viu nas produções, desbravando, a gente está nesse momento atual de outras meninas mais jovens estarem ocupando esse espaço. Há uma preocupação em ter voz, da gente mesmo contar essas histórias. É um espaço seguro. Acho que esse é o grande diferencial que tem se formado ao longo das gerações”.
Sobre como o cinema indígena pode melhorar e contribuir para a cinematografia do mundo, Clara responde que “Os olhares são muito singulares”. Para ela, a principal questão é a essência, e completa: “A gente está muito ligado ao espaço, à língua, às gerações, principalmente. Porque a gente acredita muito em questões cíclicas”.
A sessão contou com legendas em português para surdos e ensurdecidos (LSE) e libras em tela. A conversa também contou com a presença de uma intérprete de Libras. Ao todo, o Conversas FAM irá exibir oito filmes convidados.
Consulte classificação indicativa e medidas de acessibilidade para as diversas atividades.
O 29º Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2025 é um projeto cultural produzido através da lei de incentivo à cultura. Tem o apoio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do Edital especial Lei Paulo Gustavo e do Prêmio Catarinense de Cinema, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina e Programa Ibermedia. Patrocínio ANCINE - Agência Nacional do Cinema, Itaú Unibanco e Sebrae. Patrocínio Master Petrobras. Realização Associação Cultural Panvision, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.